Conta-se que um capitão, ainda bastante jovem, tinha acabado de se formar na
Escola de Oficiais da Marinha e estava servindo num grande navio de guerra.

Sua frota estava fazendo exercícios num arquipélago, em meio a milhares de
ilhas. Eles já estavam chegando ao final do dia, o tempo estava péssimo, com
névoa densa e a visibilidade muito ruim.

Em certo momento, o vigia avisou ao comandante que havia uma luz piscando do
lado direito. O comandante perguntou se a luz estava constante ou em
movimento, e o vigia confirmou que a luz estava parada e num curso de
colisão.

O comandante mandou uma mensagem para o suposto navio informando que ele
estava numa rota de colisão e que seria necessário mudar seu curso em vinte
graus, imediatamente.

Recebeu a seguinte mensagem: É melhor vocês mudarem seu percurso
imediatamente.

O capitão pensou que a tripulação do outro navio não sabia quem ele era e
transmitiu outra mensagem: Eu sou um capitão, por favor, mude seu percurso
em vinte graus. Veio outra mensagem:

Eu sou marinheiro de segunda classe, senhor, e estou alertando que é preciso
mudar o curso do seu navio, senhor.

O comandante ficou enfurecido e enviou sua mensagem final: Estou no comando
da mais importante nau da frota. Não podemos manobrar tão rápido. Mude seu
curso imediatamente. Isto é uma ordem!

Então, o comandante recebeu a mensagem final: Senhor, é impossível mudar
nossa rota. Isto aqui é um farol. E eu, sou apenas o faroleiro.

* * *

Ao longo da sua trajetória evolutiva, não foram poucas as vezes que homens,
investidos de cargos importantes ou em posições de destaque, têm se deixado
levar pela soberba e pela vaidade, a ponto de não perceber a realidade que
os cerca.

A história registrou inúmeras dessas situações, mas a mais célebre foi a
ocorrida com Jesus.

Quando o Mestre de Nazaré Se posicionou diante dos doutores da lei, dos
poderosos, dos que se julgavam acima do bem e do mal, qual farol iluminando
a noite escura dos corações, foi crucificado.

Aqueles homens não admitiam que um simples carpinteiro, sem títulos nem
riquezas materiais pudesse lhes indicar o rumo que deveriam seguir para
evitar o naufrágio na escuridão das próprias trevas.

Investidos dos poderes transitórios e das glórias terrenas, fecharam os
olhos para a Grande Luz que veio à Terra para iluminar consciências e
perfumar corações.

Enceguecidos pelo brilho do ouro, desdenharam o maior tesouro já conferido à
Humanidade.

Pseudossábios, iludidos pela prepotência do falso saber, desprezaram Aquele
que foi e continua sendo o maior sábio de que se tem notícias.

Cegos pelo preconceito de raça, de casta e de religião, não aceitaram a
orientação do Sublime Farol que veio a este mundo de misérias para
conduzi-lo, como nau desorientada, ao porto seguro de um reinado diferente,
que Ele próprio exemplificou.

E, não obstante todas as resistências oferecidas pelos poderosos daquele
tempo e por alguns da atualidade, o Divino Farol continua orientando todos
os que, cansados de se debater na noite escura dos sofrimentos e nas
tempestades geradas pela ignorância, desejam chegar a um porto seguro.

E assim prosseguirá, até que todas as ovelhas do aprisco voltem ao Seu
redil… Até o final dos tempos, conforme Ele mesmo afirmou.

* * *

Jesus é estrela de primeira grandeza.

Fez-Se, na Terra, um humilde carpinteiro para Se achegar aos corações
doloridos daqueles que estavam dispostos a saciar a sede de esperança e seguir
Seus passos luminosos.

E, embora desprezado por muitos, continua sendo o Divino Farol a indicar o
caminho que conduz ao Pai, através dos Seus luminosos ensinamentos.

Redação do Momento Espírita